Em Paris, Lula cobra Macron e diz querer acordo Mercosul-UE em seis meses 1k6w5e
Presidente pediu que francês 'abra o coração' e levantou preocupações com situação atual da balança comercial 3j5x65

Em discurso após reunião com o presidente da França, Emmanuel Macron, em Paris, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que o mandatário francês “abra o coração” e dê apoio ao acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, dizendo que pretende fechar a parceria dentro de seis meses.
“Assumirei a presidência do Mercosul no próximo dia 6 e, ao assumir a presidência, o mandato é de seis meses. Eu quero lhe comunicar que não deixaria a presidência do Mercosul sem concluir o acordo com a União Europeia”, disse Lula. “Portanto, meu caro, abra o seu coração para a possibilidade de fazer esse acordo com o nosso querido Mercosul”.
Ao longo do discurso, Lula exaltou as parcerias de Brasil e França em temas como produção de aeronaves e submarinos, mas levantou preocupações com a situação atual da balança comercial, que regrediu em relação à última visita de um presidente brasileiro à França, em 2012, com Dilma Rousseff.
“Não é possível que os valores registrados em 2024, 9 bilhões de dólares, sejam inferiores aos registrados em 2012. Significa que, no comércio, demos um o atrás”, disse.
Ao longo da visita à França, que também inclui agem de Lula pela Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos, é previsto que o governo brasileiro marque sua posição crítica à nova lei de desmatamento da União Europeia, que entra em vigor em dezembro. Sob a legislação, países da União Europeia estarão proibidos de importar produtos agrícolas, dentro das commodities estabelecidas, vindos de áreas desmatadas.
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França e acordo Mercosul-UE 593v55
A França se opõe ao acordo Mercosul-UE em sua forma atual, seguindo o texto anunciado oficialmente em dezembro ado, após reunião de líderes dos blocos em Montevidéu, no Uruguai. Negociado há mais de duas décadas, o acordo a agora pelo processo de preparação para . Quando assinado, o acordo cria a maior zona de livre-comércio do mundo, abrangendo 780 milhões de pessoas, com um PIB somado de mais de 22 trilhões de dólares.
As negociações, louvadas pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, como uma “vitória para a Europa”, encontraram forte resistência da França, que receia que as importações agrícolas vindas da América do Sul impactem negativamente os fazendeiros do país. As ressalvas sas, no entanto, são criticadas pelos membros do bloco sul-americano (Argentina, Brasil, Bolívia, Paraguai e Uruguai) como forma de protecionismo europeu.
Para barrar o acordo, é necessário que ao menos três países da UE que representem mais de 35% da população formem uma minoria. A França teve apoio da Polônia (a Itália também demonstrou preocupações, mas com menos veemência).
Em contrapartida, uma coalizão de 11 Estados-membros do bloco europeu se colocou a favor do acordo, sob a liderança da Alemanha e Espanha, que pregam a formação de novas rotas comerciais para reduzir a dependência da China e a fim de criar alternativas ao oneroso tarifaço prometido pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que toma posse em 20 de janeiro.