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Os movimentos de Zema para tentar se cacifar na disputa à Presidência em 2026 416s2y

Até pouco tempo atrás, ele era dado como carta fora do baralho no jogo presidencial, mas a falta de consenso na direita abriu a brecha d2x5v

Por Laísa Dall'Agnol Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 1 jun 2025, 08h01 - Publicado em 1 jun 2025, 08h00

Na última semana, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), desembarcou em El Salvador para uma bateria de encontros voltados à discussão de “boas práticas” na segurança pública. O país da América Central, que chegou a ser uma das nações mais violentas do planeta, viu os índices chegarem a níveis espantosamente baixos com a política “linha-duríssima” do presidente Nayib Bukele. A despeito de críticas por encarceramento em massa, desrespeito aos direitos humanos e corrosão da democracia, ele tem uma taxa de aprovação entre os eleitores de mais de 80%. Zema chegou à capital, San Salvador, não apenas com a agenda lotada, mas com status — e discurso — de chefe de Estado. Reuniu-se com o vice-­presidente Félix Ulloa, visitou o Parlamento, encontrou autoridades e empresários e deu entrevistas para dizer o que “se a no Brasil”. A visita foi mais uma jogada de um plano maior, gestado com afinco pelo mineiro: ganhar projeção nacional e cacifar o seu nome para tentar disputar a Presidência em 2026.

Empresário neófito em eleições que ascendeu de carona na onda bolsonarista de 2018, Zema sempre esteve à direita no campo político. As suas bandeiras de campanha, como consequência, coadunam com esse ideário. A segurança pública é uma delas. E ele já tem o que mostrar. Segundo o Atlas da Violência, divulgado em maio, o estado tem uma das menores taxas de homicídios em todo o país. Em El Salvador, para onde embarcou com o seu secretário de Segurança, Rogério Greco, Zema tratou o tema com um discurso de candidato. “Aqui aconteceu algo muito simples: a lei voltou a valer e o povo voltou para a rua”, afirmou.

À DIREITA - Com Ratinho, Tarcísio e Caiado: união, por enquanto, só na foto
À DIREITA - Com Ratinho, Tarcísio e Caiado: união, por enquanto, só na foto (@RomeuZemaOficial/Facebook)

A segurança tende de fato a ser importante na eleição, mas não é o único tema a nortear a pré-campanha. Segundo pessoas próximas, seu discurso irá ganhar contornos mais claros nos próximos meses, quando ele deverá investir também na defesa da economia liberal, da austeridade fiscal e do combate à inflação, na luta contra a corrupção e na defesa dos “valores cristãos”, um discurso sob medida para atacar Lula.

No campo político, a estratégia se apoia em dois pontos. Um é se viabilizar como o nome do antipetismo, daí a elevação de tom no discurso contra o presidente, em movimento até mais destacado do que o de outros nomes à direita, como os dos governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo) e Ratinho Junior (Paraná), também potenciais presidenciáveis. O outro ponto é estreitar os laços com Jair Bolsonaro, com quem sempre esteve alinhado, inclusive na campanha do capitão pela anistia. Faz parte disso estar ao lado de Bolsonaro sempre que possível, como nos atos liderados pelo ex-presidente na Avenida Paulista, onde marcou posição ao lado de outros candidatos a herdeiros do espólio eleitoral bolsonarista.

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De todos os governadores citados como potenciais nomes ao Planalto, Zema e Ronaldo Caiado (Goiás) são os que se movem mais à luz do sol. Eduardo Ribeiro, presidente do Novo, diz que o mineiro será candidato em 2026 se Bolsonaro não estiver no páreo. Entre os pontos a favor estão o potencial de Minas (segundo maior colégio eleitoral) e o fato de que Zema foi reeleito no primeiro turno. A sua gestão continua bem avaliada. Segundo pesquisa de abril pelo instituto Paraná, 65% aprovam seu mandato. Na disputa presidencial, há potencial: pesquisa Quaest do mesmo mês apontou que ele teria 31% dos votos em um segundo turno contra 43% de Lula. Viabilizar-se como candidato de oposição não será fácil. Enquanto Bolsonaro tende a insistir na sua candidatura, com a possibilidade de abrir mão na reta final para um membro da família, boa parte do centro e da direita gostaria de ver Tarcísio no enfrentamento com Lula.

OBSTÁCULOS - Protesto de servidores: um dos problemas caseiros a superar
OBSTÁCULOS - Protesto de servidores: um dos problemas caseiros a superar (Luiz Santana/almg/.)

Zema tem outros problemas a superar. Um deles é o fato de estar em um partido pequeno que, em 2022, nem conseguiu cumprir a cláusula de barreira. A tentativa de dar um salto maior na política embute um risco, pois as pesquisas mostram que ele levaria facilmente uma vaga ao Senado. Também enfrenta dificuldades para fazer andar projetos importantes — não conseguiu tocar nenhuma grande privatização, como as da Copasa (saneamento) e da Cemig (energia). Além disso, vive em pé de guerra com o funcionalismo, que ocupou as ruas por reajuste salarial no início do mês. Até as forças de segurança — sua prioridade — fizeram ruidosos protestos. Segue ainda a novela dele sobre a encrenca da dívida com a União, que já chega a 165 bilhões de reais. Na última semana, ofereceu 343 imóveis, incluindo a sede do governo, a Cidade istrativa, para aderir ao Propag (programa de renegociação federal).

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Até pouco tempo atrás, Zema era dado como carta fora do baralho no jogo presidencial, mas a falta de consenso na direita abriu brecha para ele tentar se cacifar. Para muitos, o sucesso disso hoje parece improvável, mas vale sempre lembrar a famosa frase de que política é como nuvem, cunhada por um conterrâneo das Gerais, o ex-governador Magalhães Pinto: você olha está de um jeito, olha de novo e ela já mudou. Confiando que o horizonte ainda pode se abrir a seu favor, Zema deixou um pouco de lado a tradicional discrição mineira e, sem muito a perder neste momento, resolveu tentar pedir agem.

Publicado em VEJA de 30 de maio de 2025, edição nº 2946

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