Abril Day: Assine Digital Completo por 1,99

O que o tamanho da barriga tem a ver com a absorção de vitamina D? 1raa

Estudo indica que acúmulo de gordura abdominal aumenta insuficiência e deficiência da vitamina 612u2p

Por Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP Atualizado em 2 jun 2023, 11h54 - Publicado em 2 jun 2023, 11h23

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em parceria com a University College London (Inglaterra), mostrou, pela primeira vez, que o acúmulo de gordura abdominal é um fator de risco para insuficiência e deficiência de vitamina D em pessoas com mais de 50 anos. Considerada um hormônio, a vitamina D desempenha diversas funções no organismo e sua carência pode acarretar diversos problemas, como na absorção de cálcio e fósforo e no funcionamento do sistema imune, por exemplo.

“Tanto a obesidade abdominal quanto a insuficiência e deficiência de vitamina D são questões prevalentes na população idosa. No entanto, com esse estudo mostramos que é a gordura abdominal que aumenta o risco de insuficiência e deficiência de vitamina D e não apenas a relação inversa, como alguns estudos já haviam demonstrado. Não estamos descartando que a vitamina D levaria à obesidade, apenas demonstrando que o acúmulo de gordura abdominal também é uma via para a carência dessa vitamina”, afirmou Tiago da Silva Alexandre, professor de Gerontologia da UFSCar e autor do estudo publicado na revista Nutrients.

O trabalho envolveu a análise de um banco de dados de 2.459 britânicos com mais de 50 anos acompanhados por quatro anos. Os participantes da pesquisa integram o projeto English Longitudinal Study of Aging (ELSA), estudo longitudinal conduzido na Inglaterra que coleta dados multidisciplinares de uma amostra representativa da população inglesa. A análise contou com o apoio da FAPESP.

Para verificar a correlação entre os dois fatores, os pesquisadores selecionaram participantes do projeto ELSA com mais de 50 anos e que apresentavam taxas normais de vitamina D (maiores que 50 nmol/L). Os participantes foram divididos em dois grupos: um formado com pessoas com pouca gordura abdominal e outro, com acúmulo de gordura no abdômen (circunferência de cintura maior que 102 cm para homens e maior que 88 cm para mulheres).

“Ao avaliar o índice de vitamina D desses indivíduos quatro anos depois da primeira coleta de dados, verificamos que aqueles que apresentavam obesidade abdominal tinham 36% mais risco de desenvolver insuficiência e 64% mais risco de deficiência de vitamina D, quando comparado com o grupo que não tinha obesidade abdominal”, diz Alexandre.

Continua após a publicidade

No estudo, pessoas consideradas com insuficiência de vitamina D apresentavam taxas entre 30 e 50 nmol/L da substância na corrente sanguínea, enquanto a deficiência estava configurada para aqueles que tinham menos de 30 nmol/L de vitamina D.

Redução de receptores

Alexandre explica que estudos anteriores já haviam relacionado a falta de vitamina D com o desenvolvimento da obesidade. “No entanto, são estudos baseados em medidas de Índice de Medida Corporal (IMC), que usam dados de peso e altura, dão uma análise global da obesidade e são muito imprecisos. Porém, a pergunta que fica é como tantos países com alta ou baixa incidência solar têm prevalência muito grande de deficiência de vitamina D. A resposta é porque existe alta prevalência de obesidade”, diz o pesquisador.

Continua após a publicidade

A obtenção de vitamina D se dá, sobretudo, por meio da luz solar. Isso porque é nas camadas mais profundas da pele que uma substância precursora da vitamina D fica armazenada. Quando a pele é exposta ao sol sua estrutura é modificada e, por meio de vários processos metabólicos, a vitamina D é convertida em sua forma ativa que a a circular pelo organismo e realizar várias funções.

Alexandre explica que, ao longo do processo de envelhecimento, é natural que ocorram mudanças na composição corporal, como o maior acúmulo de gordura na região do abdômen, por exemplo. Além disso, também é comum que haja uma diminuição da espessura da pele e, por consequência, uma menor disponibilidade da substância precursora da vitamina D na epiderme, bem como uma menor capacidade de síntese da forma ativa dessa vitamina.

“Por isso, no nosso estudo, utilizamos medidas de circunferência abdominal, que é uma medida prática é ível que verifica o acúmulo de gordura no abdômen e é mais precisa que o IMC, por exemplo”, afirma.

Continua após a publicidade

Outra modificação apontada com o envelhecimento é a diminuição do número de receptores de vitamina D nos tecidos corporais, o que dificulta a captação dessa vitamina circulante no organismo.

No entanto, ressalta o estudo, o acúmulo de gordura abdominal tem papel importante no “sequestro” da vitamina D circulante na corrente sanguínea. “Ao analisarmos as células de gordura dessas pessoas, é possível observar que as enzimas da vitamina D estão baixas. Isso acontece porque um receptor da vitamina D (VDR) a a capturar a vitamina D que está na corrente sanguínea. Isso ocorre como forma de compensar o baixo nível de enzimas na célula de gordura. De modo simplificado, é como se o tecido adiposo sequestrasse a vitamina D. O que faz com que haja uma menor biodisponibilidade de vitamina D nos exames de sangue, como vemos. É esse processo que vai acarretar insuficiência ou até deficiência de vitamina D”, explica Thais Barros Pereira da Silva, aluna de iniciação científica e primeira autora do estudo.

Alexandre ressalta que o estudo reforça a necessidade de políticas públicas para a prevenção e o enfrentamento tanto da obesidade quanto da carência de vitamina D na velhice. “Todos sabemos que é mais fácil prevenir que remediar e comprovamos que a obesidade abdominal pode interferir nas concentrações de vitamina D do sangue, algo que pode desencadear uma série de problemas de saúde nos idosos”, disse.

Publicidade

Matéria exclusiva para s. Faça seu

Este usuário não possui direito de o neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu

ABRIL DAY

Digital Completo 4t6t3z

o ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 1,99/mês*

Revista em Casa + Digital Completo x5v1o

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada edição sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*o ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$ 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.